Um dia um jovem pedinte, debaixo de chuva, mal vestido, com saco às costas e boné velho escorrendo água, tocou à nossa campainha, pedindo esmola. A ele nos dirigimos, eu e minha esposa, levando-lhe uma moeda.
Começou a descrever a sua vida recente, dizendo: «Estive em França e meti-me com uma mulher acabando, através dela, seropositivo». Depois, mostrou as feridas que tinha no peito, rosto, pescoço, braços e pernas. Disse ainda que morava a poucos quilómetros de nós, mas que estava zangado com a família.
Ouvimo-lo atentamente, sem comentários. De seguida dei-lhe duas folhas, das que hoje figuram no Blog, com os seguintes títulos:
1. Enfrentar e vencer a depressão;
2. A importância vital do pensamento claro.
Há um ditado chinês que diz assim: «Quando vires um homem com fome não lhe dês um peixe: ensina-o a pescar.» É isto que se pretende: ensinar as pessoas a tratar das suas vidas e não as tornar dependentes de nós.
O rapaz lá se foi embora, e ficamos contentes pela nossa ação.
Passadas mais ou menos três semanas, toca novamente a campainha: era o jovem já ligeiramente diferente, rosto alegre, desenvolto e forte. Era um dia de sol. Ao nos aproximarmos, referiu cheio de alegria: «As manchas desapareceram». Mostrou o peito, o rosto, o pescoço e os braços, todo contente, e nós também alegres. Disse que ainda tinha algumas feridas nas pernas!
Em prosseguimento, acrescentou: «Li as folhas mais de quinze vezes! Quem escreveu isto?!» Respondi: «Fui eu». Ao que respondeu: «Não foi não, foi um Doutor!» Dei uma gargalhada que constituiu para mim uma verdadeira catarse emocional, não só pela forma como se exprimiu como também por se operar nele uma cura acentuada e inédita.
Ele pela releitura, pelo desejo intenso de se livrar do problema, pela coragem, esforço e intrepidez, e pela fé, conseguiu sem saber como, pôr em ordem os pensamentos adicionados à Misericórdia Divina.
Mais tarde voltou, e dei-lhe umas folhas manuscritas para prosseguimento e regeneração.
Passado muito tempo, quando me deslocava de carro para reparar uma avaria eletrotécnica em máquina industrial, numa fábrica em que prestava assistência, vi, discretamente, do outro lado da rua, o jovem bem vestido, rosto e cabelo arranjados e andando como quem tem um objetivo, acompanhado de alguns jovens. Fiquei contente por mais uma mudança complementar e pensei: «Estará com outros fazendo parte de uma associação para servir o próximo! Começou a dar e a ajudar as pessoas!»
Temos aqui um exemplo vivo de que, uma mudança interior profunda no pensamento e no crer, levou a uma mudança emocional e física, com reorientação de vida.
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