Sempre que nos sentimos confusos e exauridos, em vez de procurar em vão a solução fora, mergulhemos profundamente em nosso interior límpido, com devoção e fé. Abstenhamo-nos de pensamentos agitados. Paremos por tempo suficiente, e a resposta pacífica, clara e sábia surgirá, para nosso consolo e alívio, como constataremos.
Uma vida conduzida pelo ego mesquinho e vaidoso não tem préstimo e é inútil. Se queremos os tesouros eternos, que ninguém poderá arrebatar ou perturbar, procuremos a orientação Invisível e Inefável. Aceitemo-la de bom coração como a maior das necessidades para uma vida de verdadeira ação, amor, verdade, saúde e harmonia.
Esta vida humana só faz sentido se for condigna com a decência, e que conduza já, não depois, à vida futura sem princípio nem fim.
O caminho místico, que vai na direção de dentro, se não for conduzido e orientado superiormente leva caos não só à pessoa que o trilha, mas também às pessoas que estão sob a influência dela.
A perceção livra-nos do cansaço diário de tomar decisões. Ela permite-nos viver em espontânea simplicidade.
- E por que é que pensar sem perceção cansa e agita?
- Porque procuramos a orientação do ego, que ele próprio é uma massa de confusões contraditórias e de sofrimento mental e físico, afastando-nos do repouso espiritual, aqui e agora.
É assim que a massa da humanidade vive e sofre com cada um dos seus membros orientados por seu ego, os quais chocam entre si, originando caos e dor. E o que é pior é que cada um pensa estar certo, defendendo rigidamente sua maneira de ser e viver.
A Vida Universal vivendo no íntimo límpido de todos, procura a todo o custo despertar e orientar para o Bem, só que o eu minúsculo e mau usurpa ao indivíduo, por sugestões negativas, essa maravilhosa orientação, distorcendo-a, procurando mantê-lo como seu escravo. Cada pessoa tem de estar atenta a isso através da autovigilância rigorosa.
Para encontrarmos a capacidade de perceção é necessário de vez em quando praticar a introspeção interior. Usar os momentos em que não temos nada para fazer e sentarmo-nos num banco de jardim abstraídos da interferência das outras pessoas e barulhos incomodativos. Também podemos fazê-lo em nossa própria casa, sentados no sofá. Mas não nos devemos esquecer que estamos a fazer um exercício de extraordinário valor moral e espiritual, e, nessa abstração, incluir não pensar nos emocionalismos habituais e rotineiros ou nos problemas que nos afligem.
A perceção, como já foi referido numa das páginas do Blog, é perceber ou ver instantaneamente sem a necessidade filosófica de pensar. Ela traz imensos benefícios: pacifica a mente com uma paz e leveza maravilhosas; habilita-nos a conhecer antecipadamente acontecimentos, encontros e pensamentos de outras pessoas, e a desviarmo-nos do perigo, podendo escolher o que melhor nos convém, sem precisarmos de conselheiros; não produz fadiga, mas alívio como o estado celestial; é o estado mais elevado de pensar; não nos deixa num estado dualístico de incerteza, ficando na dúvida se fizemos bem ou mal, como acontece habitualmente ao pensarmos de forma comum; e é uma necessidade vital para a vida harmoniosa e desinibida.
Ninguém pode ir para o céu, se já não estiver nele.
Fazemos verdadeiro progresso ao verificar que estamos realmente aflitos, mas sem colocarmos o sentimento do eu dentro do choque.
Pensamentos para ajuda específica:
1. - Um indivíduo violento é uma pessoa carregada de medo;
2. - É o medo do sofrimento que faz com que este volte ou permaneça. É a aceitação calma e intuitiva do mesmo que nos revela a lição que ele encobre, permitindo-nos a libertação e passar do pesar à paz;
3. - Ninguém lhe mete medo, tão logo verifique a intransponência e majestade da natureza divina;
4. - Para sermos verdadeiros com os outros, é preciso sermos verdadeiros connosco;
5. - Em vez de querermos febrilmente salvar os demais, precisamos da extraordinária coragem de nos salvarmos em primeiro lugar. Só assim estamos aptos a aconselhar nossos semelhantes a realizarem o mesmo;
6. - A força vem de dentro;
Falar mal dos outros envenena a alma.
(Rosa Maria de Sousa), esposa do autor.