A verdadeira segurança não está nas coisas transitórias, mas na permanência da vida, isto é, em fluir com aquilo que não é mutável, mas eterno.
Não pode haver um motivo humano para nos sentirmos seguros, porque qualquer que ele seja cria um motivo oposto, e isso nos deixa tensos, ainda que o sintamos, de momento, levemente. A dualidade é mudança de uma coisa para o oposto. E isso é cíclico na natureza humana.
Encontrar o Centro, que é repouso, e dele agir através da periferia, isso sim, é sabedoria, inteligência. Por outras palavras, encontrar a natureza divina, fixar-se nela, e daí mover-se calmamente na natureza humana.
A pessoa que chegou ao ponto na vida do dia a dia em que descobre, experimentalmente, que nada é permanente, tudo muda, as coisas, as pessoas, as posses, fica chocada, insegura e abalada psicologicamente, triste e nervosa. Porém, para o Sábio, aceita isso com toda a calma, pois sabe que as coisas são mesmo assim e controla-as pelo simples facto de não as controlar, rola com elas, flui. Ele encontrou gozo e repouso na aceitação e no envolvimento impessoal, ao passo que a pessoa, acima referida, luta e reage contra a vida, obtendo sofrimento, porque se apega às coisas que ora são, ora não são.
«Este "deixar fluir" (...) significa também o abandono da crença nos falsos deuses da segurança. Todos os Sábios do mundo pregaram a estupidez da busca da segurança. A vida é dinâmica, flexível, e está em constante transformação; a morte é rígida e estática. A preocupação com o dia seguinte, cujos problemas podem nunca existir, faz com que deixemos de viver o presente. Paradoxalmente, o abandono completo da ânsia pela segurança, a pobreza espiritual do ser nada, no retorno ao centro inerte, é a única segurança que existiu ou pode existir.» J. C. Cooper
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