Caros Leitores!

Este espaço tem como finalidade promover nas pessoas o autoconhecimento e consequente autoajuda. São ensinamentos mistico-filosóficos baseados nas grandes e profundas verdades da vida. Destina-se ainda a um debate destes princípios entre o autor e os leitores, sob a forma de perguntas e respostas. Todos querem uma vida e um mundo melhor, não é verdade?! É disto que trata este oásis em meio ao mundo perturbado.

Saudações,

António Moreira de Sousa

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quinta-feira, 22 de setembro de 2011

TRANSFORMAÇÃO INTERIOR

Tudo o que importa nesta vida é encontrar aquele Centro donde flui a luz que a ilumina. Todas as mudanças exteriores sociais não contribuem para esta possibilidade. Só uma renovação global interna, que não seja uma reforma do eu pessoal, mas uma redução gradual e progressiva deste, dá acesso ao Centro de luz e de paz.
O homem ou a mulher isolados que estão descontentes com a vida e que chegaram ao fim de sua corda mental, procuram uma saída ( pensemos na parábola do Filho Pródigo ), e iniciam a viagem de regresso a qual, milagrosamente, jamais será uma repetição. É certo que este regresso está cheio de obstáculos, aparentemente intransponíveis, pois é preciso remar contra a maré não só deles mesmos como do meio em que vivem.
O peregrino da Verdade pode vacilar, sentir-se temporariamente só e querer voltar à vida monótona anterior. Contudo, como já teve, eventualmente,  um vislumbre da existência de uma Vida Maior, justa, equilibrada e saudável, constantemente irradiante e que permeia silenciosamente tudo tem, nos momentos críticos a luz pequenina que nunca se apaga, estimulando-o a prosseguir. Uma vez por outra, parece que esta luz, com tendência a aumentar, se extingue mas, caindo em si, volta a vê-la, e avança não obstante os perigos.
As pessoas que se identificam com o mundo e que estão no caminho de ida e sem saída, tentam persuadir o caminhante de que ele é que está errado, mas a luz que não engana e que confere no íntimo um senso real de verdade, amor e justiça, o protege dos enganos.
As pessoas fartas de serem enganadas é que começaram a pensar por sua cabeça e a investigar mais além de si próprias e da opinião comum. Há muitas que saíram vencedoras e que declararam por palavras clarificantes e por uma vida virtuosa exemplar, seus triunfos.
Há um momento crítico na vida do aspirante à Verdade que é este: todo o processo para passar de um nível mais baixo de ser para um mais alto, é precedido pela anulação de tudo anterior, exceto a sabedoria excelsa, a qual serve à eternidade.
O místico passa por muitos dos estados íntimos narrados no Novo Testamento, trabalhando para a glória de Deus e não para a sua, deixando à Vida seus cuidados e ou merecimentos. Tudo o que ele quer é resistir até ao fim em que todos os dias sejam de clareza e certeza. « ... aquele que perseverar até ao fim será salvo. » ( S. Mateus, 24:13). Ele tem uma qualidade de amigos de nobreza superior que são mil vezes maiores que aqueles que desertaram e que teve de deixar para trás.
São as pessoas que foram além de si próprias e da sociedade falsa, desequilibrada e enganosa, e que tiveram um vislumbre  da Luz Maior, que dão esperança à sociedade e ao Mundo.
A autorrenovação impõe-se inexoravelmente, sem a qual a renovação externa nada ou pouco resulta. Mas devemos fazer isto por nós. Fazendo-o, executamos nossa tarefa e verificamos que os outros precisam de fazer o mesmo.   

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

COMO VENCER O MEDO

A magia do viver perfeito está na capacidade de se desprenderem. Viver de momento a momento sem acomodação, habituação, o que exige enorme energia e alerta.
Pecado é pensar e fazer o que é errado, como também é a acumulação de resíduos, o ficar agarrado a experiências emocionais agradáveis e desagradáveis, comprometendo assim a criatividade, a leveza e a liberdade emocional espiritual.
Viver, é viver na medida do possível, no aqui e agora, como se cada dia fosse o primeiro, sem memória ao passado ou perspetiva quanto ao amanhã. Deslizar, fluir, rolar, gozar (o que for gozável ), sem se prender a nada, pois,  no momento em que a pessoa se prende e quer repetir a experiência, agarra-se ao tempo, ao passado, e separa-se do aqui e agora Vivo.
Quando querem repetir estão a valer-se da memória, a comparar com o registado nela, o que nunca criará uma coisa nova.  A beleza está na vivência inédita, a qual é glória, felicidade, novidade pura, energia e sacralidade impassível de comparações.
O medo é uma emoção negativa ligada a algo que aconteceu no passado, e cada vez que o sofredor se lembra dele liga-o ao presente, tornando-o real e temendo-o amanhã. É isto o que se chama uma fobia.
Entendam que, a maioria de nós por desconhecer quem é, vive agarrado a ideias imaginárias sobre o que pensa ser, e isso cria medo, o viver ligado a posições emocionais e mentais fixas.
Só há um medo básico que é o eu falso, e só há a necessidade de uma cura que é o Eu Verdadeiro.
Se o sofredor estivesse capacitado a contornar os reveses da vida não ficaria chocado, preso  ao acontecimento, e tão pouco haveria a criação de medo.
Porém, como as pessoas querem não só explicações, mas também um certo alívio imediato, vamos apresentar alguns conselhos práticos dignos de reflexão:
1. Transforme-se interiormente pela meditação;
2. Tome consciência do medo, pois a consciência é a luz que expulsa as trevas. Quanto menos distância entre si, (observador) e o  pensamento-medo, (coisa observada), mais próximo da vitória;
3. Ao se acercar daquilo que o atemoriza, com coragem e determinação, o medo perde força e você se transforma em verdadeiro herói conquistando liberdade íntima;
4. « A única coisa que o medo não pode suportar é ser olhado de frente, sem resistência e sem medo».
5. O Amor expulsa o medo.
6. A pessoa libertada pode lembrar-se do medo, mas encolherá os ombros pensando: «o que é que isto tem a ver comigo agora?»
7. Quando regressamos à nossa natureza original, que é de essência celestial, o medo e os medos desaparecem, e os pensamentos são de qualidade elevada, portanto, não criadores de emoções nefastas;
8. Não tenha medo de ter medo, visto que ele é apenas um pensamento falso. Mude seus pensamentos;
9. Se quiser saber algo mais, leia o livro O Despertar da Sensibilidade de Krishnamurti - um dos maiores Instrutores espirituais, mas não se esqueça que a libertação final é de Deus, Verdade, Essência, Eu Verdadeiro, ou qualquer outro nome que queira dar à Realidade Última;
10. Compreender um problema é resolvê-lo, solucioná-lo; e
11. A compreensão tem de ser profunda e abrangente, envolvendo todo o nosso ser, e não apenas limitada à compreensão lógica e intelectual. Podemos compará-la à consciência, à perceção, à clareza da mente e, em última instância, como uma aproximação à luz divina. A compreensão intelectual pode iniciar a pesquisa, mas cedo ou tarde temos de mergulhar  na compreensão mística e ir além de nós mesmos, experimentando a liberdade cósmica.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

PARA AMAR

Para amarmos as pessoas precisamos estar de bem com nós próprios, de colocar a integridade pessoal em primeiro lugar. Não basta sermos generosos ao mesmo tempo que nos rejeitamos.
O amor é uma energia íntima e não o apego ou paixão a uma pessoa.
Quando um homem ama realmente a esposa e os filhos não são precisas muitas palavras para expressar esta devoção, que inclui também a responsabilidade, acompanhamento, respeito e desejo de vê-los crescer em realização e alegria, a seu próprio jeito.
Amar sem dominar e controlar é difícil, mas necessário. Por vezes é preciso ter a coragem de amar, negando, « fechar por amor a mão aberta ». Mais difícil ainda é amar quem não nos ama, quem recebe o que de bom coração damos, sem reconhecimento, quem vê sempre um cisco nos nossos olhos e não quer enxergar uma trave nos seus.
É o amor que alivía nossas dores, nos reequilibra, e nos dá o senso de União com todos e com tudo, aqui e agora.
Para amarmos precisamos ultrapassar o medo, o ódio, a separação, a hostilidade e o ressentimento. Ir ao fundo de nosso íntimo mais íntimo onde vemos extinguido o negativismo e a prevalência da Ventura. Melhor se ama quando nem temos consciência disso, quando decorre espontaneamente de nossa natureza, não esperando paga e não nos queixando pela não correspondência.
Quando amamos somos amados superiormente e sentimos liberdade íntima, desanuviamento, fulgor e alegria.
Os que mais exigem amor e atenção dos outros, são os que mais precisam aprender a amar, a saírem de si para fora, a doarem-se. É possível amar sem perder a identidade e o equilíbrio.
O que é uma pessoa deprimida senão a que se encerrou , se recusa a lutar, a entrar no jogo da vida e que não conseguiu contornar um revés?!
O que é uma pessoa tímida senão a que projeta e transfere para os outros aquilo que gostaria de dizer, fazer ou ser, mas, por preguiça, ignorância e falta de meios (entrar em ação), é mais fácil e cómodo para ela negar suas potencialidades, vendo-as nos outros, e achar-se incapaz de ser o que é ?!
O amor é  a maior força e mobilização, e sua expressão é candura, deleite, gentileza, intrepidez, decência moral, vitalidade, alegria e sensibilidade.
« O amor deve ser aprendido na Terra. É  algo muito mais alto ».
Aprendemos a amar quando não nos defendemos, não nos vingamos e perdoamos, suportando com paciência gestos e palavras de desamor dos outros. Assim, aperfeiçoamos nosso eu íntimo. A não defesa referida é a defesa perfeita.
Não nos devemos medir pelas outras pessoas nem contabilizar o mal que nos fazem, mas o mal que fazemos a nós mesmos e aos outros.
O amor é o melhor estado de ser e fortaleza, o qual cresce com a doação. 

quinta-feira, 28 de julho de 2011

COMO VENCER A DEPENDÊNCIA

Toda e qualquer dependência está relacionada com algo exterior à essência. Esta sujeição origina hostilidade em relação ao objeto do desejo. Sempre somos hostis ao que nos aprisiona e ilude. A causa está no íntimo do indivíduo, e este tem uma atitude dupla: por um lado, precisa do prazer ou satisfação proporcionado pelo objeto ou pessoa; por outro, tem o sentimento de repulsa sobre os mesmos.
A dependência resulta da incapacidade que a pessoa tem em conhecer a sua essência, a qual é a verdadeira e natural satisfação, livre de quaisquer apegos internos ou externos. Quando somos nós mesmos estamos em harmonia e contentamento.
Quase todas as pessoas pensam que o alívio está em algo exterior a elas, e só raríssimos indivíduos descobriram que a paz duradoura vem do íntimo redimido. Quando o objeto de desejo-dependência não se faz presente ou é negado, a pessoa padece de ansiedade, exigência, irritação, e exterioriza violência, ira e aviltamento.
Cada indivíduo pertence à sua essência , que é o próprio Deus verdadeiro, e o sofrimento é consequência da tentativa inútil de pertencer a outro lugar.
Uma forma de dependência é o querermos que as pessoas nos respeitem e se comportem da forma que nos agrade. Quando não o fazem ficamos irritados e dececionados. Elas não querem e não o podem fazer, e tão pouco é necessário para nossa integridade ou bem estar. O que causa o desgosto não é o comportamento delas pelo que dizem ou fazem, mas a frustração da expetativa em relação ao que exigíamos que acontecesse. Se  permitirmos que as pessoas se comportem de acordo com o que são, não continuamos a ser escravos  de nosso desejo-exigência.
Seja autossuficiente e não permita que o controlem. Você não consegue isso quando busca fora o que há em si.
O prazer verdadeiro isento de arrependimento e repulsa emana do espírito renovado. É certo que há satisfações complementares externas, mas não podem causar dor e atrito quando o amor toma as rédeas do desfrutar e não se permite que o desejo controle a situação.
Santo Agostinho disse: « Ama e faz o que quiseres».
«É um duro e saboroso martírio morrer para todos os prazeres do mundo e disfrutar só os de Deus.» (Santa Teresa de Jesus de Ávila)
Evite reivindicar algo exterior a si. Vire-se para dentro e reivindique, amorosamente, seu próprio e natural poder, da essência. Prazer próprio, ameno e salutar, é prazer próprio, e não é a dependência ao proporcionado por objetos ou pessoas os quais possuem a característica de incerteza e incompletude.
Precisamos descobrir que a causa dos maus hábitos é interna, como já referimos , por não se saber a verdade acerca  da vida, das coisas como elas são. São exigências-pensamentos falsos que é preciso substituir pela verdade clara e libertadora. Por não vivermos em estado de amor procuramos substitutos para apaziguar o tormento interno.
Apresentamos agora uma questão fácil e simples, digna de constatação: se comerem com consciência, observando como comem, verificarão que (a) comem menos, (b) saboreiam mais a comida, (c) os alimentos demoram mais tempo na boca para a mastigação-salivação, (d) sentem-se mais aliviados  e satisfeitos, e (e) têm uma atitude serena e salutar ao almoçar ou jantar.
Relativamente à dependência à comida, bebida, drogas, ansiolíticos, mau génio, luxúria, cobiça e avareza, a solução é a conscientização observadora com redução e extinção gradual dos falsos desejos. Uma coisa são as necessidades naturais e outra são os falsos desejos que se mascaram como necessidades reais e que devem ser erradicados pela compreensão dos mesmos.
«Você transforma a vida ao compreender seus desejos e não ao tentar satisfazê-los».(Vernon Howard )
 

quinta-feira, 14 de julho de 2011

COMO CONVIVER COM PESSOAS DESAGRADÁVEIS

O homem mau é escravo de sua própria maldade.
Viver ao sabor dos opostos da existência, significa estar espiritualmente adormecido. Homem assim não tem alternativa a não ser reagir diariamente de forma mecânica de acordo com ventos internos e externos que sopram.
Só o homem que se elevou acima da mente condicionada é que deixou de estar em guerra consigo mesmo e com os outros. Este homem é verdadeiramente humano, genuinamente espiritual,  e vive produtivamente.
Se você fica aflito, nervoso, ansioso e compelido a lutar contra situações e pessoas desagradáveis, saiba que não está a perceber e a viver o ensinamento do Novo Testamento «...não resistais ao mau.» (S. Mateus,5:39).
«No dia em que permitir, sem reservas, que as forças que tentam derrotá-lo sejam bem sucedidas, enquanto se põe de lado e observa, nunca mais poderá novamente ser abalado na vida.» (Vernon Howard)
Devemos considerar as situações e pessoas desagradáveis como desafios e incentivos ao nosso próprio crescimento espiritual. Se  aprendêssemos por nós mesmos  não precisaríamos destes mestres amargos e enfrentá-los-íamos como incidentes neutros, incapazes de provocarem dor.
Você tem duas opções:
1.Ou sai derrotado e abalado psicossomaticamente; ou
2.Aprende a lição como um sábio, usando os desafios, aparentemente amargos, e se eleva acima das tempestades.
Não se permita ser mandado compulsivamente, isto é, no seu íntimo. «O homem exterior talvez sofra provação, mas o interior será inteiramente livre». (Mestre Eckhart)
Você não é um alvo a abater.  Não seja escravo do egoísmo dos outros. Tranquilamente, recuse ter medo.
O mal dos outros e das situações semelhantes, é dirigido contra seu ego, a personalidade, o homem velho, e não contra o você real. «Você é algo que não pode ser perturbado por coisa alguma ».
Permita, como um sábio, a destruição da casa assombrada. Não reaja com seu ego ao ego dos outros.
Permita em benefício de sua serenidade, dignidade e inteireza que o Eu Maior tome conta da situação, com calma e sabedoria absolutas. Para isso, aprenda a amar, a ser amor e a compadecer-se. Entregue seus cuidados.
Quando não conseguirem o que afirmamos, recolham-se, virem-se para dentro, e, simultâneamente, tenham a coragem silenciosa de pedir ajuda Superior (auxílio, paciência e compreensão) para enfrentarem o que está além de vossas forças e foge ao vosso alcance.
É possível viver neste mundo sem lhe sentir a escravidão, mas em liberdade íntima que se propaga externamente. E o Reino Interno é assim mesmo.
Ao homem libertado se associa toda a Força Cósmica do Universo e instiga-o na intenção de vencer.
A Verdade é mais forte que tudo o mais.  Não há um poder oposto a DEUS .
«Não dê jamais a um homem não-despertado a oportunidade de explodir em fúria e sarcasmo contra você. Você cai nessa armadilha todas as vezes em que parece fraco ou quando ele percebe que você quer alguma coisa dele. A natureza animal do homem está sempre vigilante à espera de alguém para atacar. » (Vernon Howard)
Desempenhe suas funções na vida social, familiar ou profissional com competência singular, e não se permita ser usado para além do que é decente e salutar.
Se reagirmos de forma habitual, com o eu artificial,  perdemos terreno, e isso é o que as pessoas hostis querem, que lhes demos luta, que baixemos ao nível delas. Tenhamos compaixão prudente e façamos um esforço para vê-las como Deus-pessoas e não como pessoas.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

A BELEZA DA NATUREZA


É super maravilhoso fazermos uma caminhada, sem motivo, sentindo a brisa fresca no rosto, sob um sol brilhante e o azul do céu. No percurso aproveitamos a oportunidade de olhar as árvores com seus ramos e folhas oscilando ao vento num sussurro gostoso, bem como as flores em sua beleza e multicolorido. Tudo isto numa atitude divertida, sem palavras, descrições e análises. O corpo sente-se folgado, rejuvenescido, e a mente fresca e enlevada.
Caminhem, amigas e amigos, gozem os jardins da Natureza gratuita e sempre ao dispor. Saiam da rotina e dos pensamentos tristes, e deem asas à vossa natureza espontânea.
Alguém é capaz de descrever o gosto de um pêssego? E a vida é assim, além das palavras...
É encantador ver e afagar um gatinho, relaxado e apoiado em suas patinhas, olhando tranquilo, olhos pisqueirinhos, querendo dormir. Ele está tranquilo, naturalmente, mas, se se apresenta uma iminência, torna-se enérgico, ágil e dinâmico.
É bom olhar para uma pessoa, olhos nos olhos, e sentir que não há nervosismo, segunda intenção, interesse, mas sim comunhão, naturalidade e ternura.
Um dia estávamos sentados num banco sobre a relva, no Parque da Cidade, a cerca de três metros  de um grande lago com gaivotas, patos de vários tamanhos e origens, pombas e passarinhos. O  dia estava ameno, era de manhã, e uma brisa fresca permeada de um sol não abrasador, faziam parte do contexto. Pessoas ao longe passavam, mas isso não nos importava, não interferia. Estávamos ali para namorar beleza, desfrutar em profundidade. Fazendo um esforço para não fazer esforço, mais e mais, sentimo-nos perto e intimamente com o ambiente circundante. Despertos e com os sentidos refinados, observamos com alegria que dois patinhos de tamanho médio, bonitos e graciosos, caminhavam vindos de trás de nós, calmos e sem medo, e foram colocar-se alapadinhos, em fila, um à frente do outro, entre nós e o lago, à distância de meio metro de nossos pés e com as cabecitas voltadas para a água serena e bela.
Entretanto, um conjunto grandioso de gaivotas, patos e pombas, levantava voo ligeiramente circular com linda mestria. Com alegria, tivemos a perceção do movimento do voo.
Foi uma experiência fascinante, memorável e renovadora.
Elevamo-nos ao nível em que o pensamento descritivo desaparece e só existe o Fluir Natural.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

PARA O CONHECIMENTO DE SI MESMO E DOS OUTROS

O conhecimento de si mesmo são os óculos que o habilitarão a conhecer os demais.
Para se conhecer tem de abrir mão da segurança psicológica. O psiquiatra suíço Carl Jung assinalou que um dos principais inimigos da autodescoberta é o desejo de segurança.
É necessária coragem, paciência e persistência para praticar a Observação Silenciosa Imparcial já assinalada em uma das folhas do Blogue e que, repetindo, consiste em observar passivamente a mente sem identificação, isto é, sem medo, aceitação, rejeição, análise ou classificação. Este exercício pode mostrar-nos que não somos tão bons como pensávamos nem tão maus como temíamos ser, e despoleta a superação do bem e do mal e, por conseguinte, do dualismo ou sono psíquico, revelando uma nova força e a capacidade automática de conhecermos os outros profundamente. Tem ainda o condão de eliminar, por não sermos participantes interferentes mas agentes imparciais, problemas inconscientes obstrutores do desembaraço na vida.
Se nos perguntarem como é que a simples observação pode efetuar tudo isto, a melhor resposta é: façam a experiência e ficarão a saber com acuidade.
Psicologicamente, o homem é invisível, declarou o genial místico norte-americano Vernon Howard.
As pessoas são como a Lua... mostram-nos apenas um dos seus lados, observou Arthur Schopenhauer, de acordo com interesses e necessidades, desejos e receios. Assim, a forma científica de as conhecer é pelo significado e ordem da primeira frase deste texto.
Quando não compreendemos uma situação, pensamento, relacionamento ou um incidente chocante, classificámo-los de desagradáveis, não os queremos enfrentar e remetêmo-los para o subconsciente onde ficam a causar mal estar e a impedir a criatividade.
O homem sábio evita acumular problemas, compreendendo-os no momento em que se apresentam, e, assim, mantém a mente livre e desimpedida.
Se quisermos conhecer as pessoas sem os procedimentos apresentados, corremos o risco de as vermos como elas querem ser vistas ou ainda como desejamos que sejam. Pode até acontecer que vejamos defeitos nelas e estes sejam um reflexo dos nossos próprios (projeção).
Conhecer as pessoas como elas realmente são em seu estado de adormecimento,  livra-nos de sermos usados, explorados e enganados pelas mesmas, mas nós, ao nos conhecermos primeiro, libertamo-nos do sono.
E como é que o autoconhecimento proporciona poder? Porque, pela imparcialidade da auto-observação silenciosa, verificamos que não somos nem o bem nem o mal  observados, e estes se extinguem dando origem ao aparecimento da realidade imortal que somos, a qual é poder verdadeiro. E o milagre da observação silenciosa imparcial não pode ser expresso,  tem de ser experimentado pessoalmente. «O melhor não pode ser explicado em palavras» (Leão Tolstoi).