Caros Leitores!

Este espaço tem como finalidade promover nas pessoas o autoconhecimento e consequente autoajuda. São ensinamentos mistico-filosóficos baseados nas grandes e profundas verdades da vida. Destina-se ainda a um debate destes princípios entre o autor e os leitores, sob a forma de perguntas e respostas. Todos querem uma vida e um mundo melhor, não é verdade?! É disto que trata este oásis em meio ao mundo perturbado.

Saudações,

António Moreira de Sousa

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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

A MAIOR VITÓRIA É A QUE ALCANÇAS SOBRE TI PRÓPRIO

O que é fundamental no homem é a sua salvação. E isso alcança-se com a radical transformação interna. Tudo o mais é secundário e complementar.
A pessoa faz quase tudo para adiar e fugir a um encontro franco, corajoso e frente a frente consigo: vende-se, exige que o outro seja o primeiro, tenta usar a verdade mascarando-a de mentira, acusa os outros, perde a dignidade, e assim por diante. Age deste modo porque sofre. Tem desnutrição espiritual.
Decorar frases religiosas não é o mesmo que as compreender; ir à igreja ao domingo e, na volta errar portando-se muito mal com o vizinho; irritar-se quando lhe dizem a verdade, em vez de ficar equânime e emendar-se, são outras tantas atitudes negativas de que sofre o desventurado. Mas ele pode corrigir-se verificando que o castigo é sempre acompanhado do propósito de emenda. Precisa tomar consciência de seus pensamentos, sentimentos, ações e reações. A ação sem pensamento condicionado faz-se acompanhar de felicidade, da qual resultam contentamento, saúde, alegria e serenidade.
O homem livre, que se supera a cada momento, não fica à espera que outros lhe digam como se deve sentir: sendo sua própria lei, não fica à mercê de estranhos a seu íntimo redimido; recebe as adversidades com igualdade de ânimo como recebe as coisas agradáveis, transformando aquelas em oportunidades; percebe o que existe por detrás dos fingimentos públicos de sucesso. O sucesso mundano esconde o seu contrário - o fracasso humano. Não queremos com isto dizer que é mau ser vitorioso nos empreendimentos! O que desalenta é ficar agarrado à excitação passageira que o sucesso provoca, esquecendo-se da "realidade interna" que é seu porto de paz.
Uma alma purificada não tem medo de que a espreitem ou investiguem. Ela é o que é, e dispõe de força natural que constitui a sua fortaleza. Caminha pelo mundo, livre, despreocupada e feliz. Tendo descoberto e desmascarado o que era falso em si, descartou-se disso, e vê agora do que os outros (a maioria) padece. Oferece com o exemplo de sua vida uma oportunidade única a eles.

Cinco ideias para reflexão:
1. Descartar-se do eu pessoal faz brilhar uma força esplendorosa;
2. A sabedoria cósmica está ao seu alcance em seu íntimo;
3. A vida é como um sonho encantador que nasce  da compreensão das coisas com clareza;
4. Compreender é muito mais que fazer;
5. Ajude o mundo com o exemplo de sua transformação, mas não se identifique com ele, isto é, com o mundo.

É de grande utilidade mística visitar locais sagrados de peregrinação onde se sente uma sublime atmosfera espiritual, como sejam Fátima e os Valinhos, sem esquecer, também, Santiago de Compostela.

«Não leve as experiências da vida tão a sério. Não deixe principalmente que elas o magoem, pois na realidade, nada mais são do que experiências de sonho... Se as circunstâncias forem ruins e você precisa suportá-las, não faça delas uma parte de você mesmo. Desempenhe seu papel no palco da vida, mas sem esquecer de que se trata apenas de um papel. O que você perder no mundo não será uma perda para a sua alma. Confie em Deus e destrua o medo, que paralisa todos os esforços para ser bem sucedido e atrai exatamente aquilo que você receia.»
                                                                    ( Yogananda)




domingo, 8 de fevereiro de 2015

SERVIR A DEUS COM MUITO AMOR


Não é possível servir ao Senhor sem antes haver a nossa submissão a Ele.
Servir corretamente exige inteligência apuradíssima, responsabilidade e consciência do que se está a fazer, não nos planos do objetivo, mas na adequação ou disponibilidade límpida, humilde e confiante.
- E por que é que o homem tem de agir assim?
- Porque ele não se conhece, e, desta forma, é melhor ficar quieto do que perder-se arrojando-se a tal trabalho confiando somente na capacidade pessoal. É o que acontece a muitos que procuram ajudar as pessoas e o mundo com a exclusão da infalível inteligência divina que sabe com toda a profundidade como é e como está o íntimo de cada um e de todos, e quais os meios de os renovar e o destino a atingir. Se não for assim o homem servirá ao próprio ego, ferindo e matando o seu semelhante em nome da Inefável Verdade que nunca lhes encomendaria tal serviço. Os verdadeiros homens e mulheres que confiam no Senhor não matam, não ferem, nem desamam ninguém. Longe deles tais pensamentos e ações. A felicidade que desejam para si é a que desejam para os outros.
 Este santo serviço deve ser um devotado apostolado praticado em recolhimento íntimo. 
É maravilhoso, saudável e revitalizante servir assim, pois, na medida em que o eu pessoal fica de lado desaparecem as dúvidas, e as ações são certas e as intenções cumpridas.
O mundo é de Deus.
 Aqueles que têm sensibilidade verdadeiramente espiritual, sabem que existe uma benigna e  ténue corrente subtil a ligar todas as grandes religiões, filosofias e sistemas, que se esforça para que concorram, salvaguardadas as diferenças, (aparentes), para um único objetivo: tão somente ajudar a salvar o mundo do sofrimento ou a minimizá-lo, e a elevar a moral da humanidade para a verdadeira harmonia. Como o homem é um ser pensante e dotado de sentimentos, é chamado a cooperar fielmente para renovar a paz no mundo, não sem antes se conhecer e se ter tornado obediente e disciplinado. 

                                            «Não se pode servir a Deus na inquietação.»
                                                                            (Santa Teresa de Ávila)                                                

quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

FORMA POSSÍVEL E CORRETA DE VIVER NO MUNDO

Não se pode viver neste mundo se não for pela graça de Deus. E isto a temer nos obriga a cada momento, pois ela pode faltar ao menor desaire. Se verificarem bem, um desaire menor é sintoma de um maior subjacente. As tentações são muitas e, à medida que aquela aumenta pela concessão gratuita, se não formos cautelosos o ego e o mundo procuram dissuadir-nos através de sugestões e enganos que parecem bons e reais, mas subjacente a eles há uma manha astuciosa cuja intenção é derrotar-nos.
«As tentações são permitidas por Deus. Nós só temos que recusar-nos a ceder-lhes.» (Madre Teresa de Calcutá).
«Não vos sobreveio tentação alguma que ultrapassasse as forças humanas. Deus é fiel: não permitirá que sejais tentados além das vossas forças, mas com a tentação ele vos dará os meios de suportá-la e de sairdes dela.» (São Paulo, I Coríntios, 10:13)
A virtude nasce da resistência à tentação.
Está escrito que «O justo vive da fé.»
A cada momento é posta à prova a sinceridade e pureza de coração do caminhante espiritual. Para se ser fiel e obediente ao que superiormente nos ajuda e conduz, é necessária consciência plena e permanente, porque não é possível fazer o que é certo se tentarmos regatear, ripostar e impor as nossas maneiras, em vez de ficarmos recetivos aos sussurros do coração e deixar-nos levar com brandura pelo que a Vida quer de nós.
Não podemos perder tempo e energia repassando filmes mentais de vinganças e de prazeres passados ou esperados e bisbilhotar sobre a vida alheia, mas corrigir-nos a nós próprios, de forma que possamos ser um instrumento fiel, maleável e atento.
Como toda a gente sabe, o mundo é carente de justiça, verdade e amor, que geram harmonia.

«(...) a servidão é útil a alguns - e que servir a Deus é útil a todos. A alma que se submete a Deus domina correctamente o corpo - e, nesta alma, a razão submissa a Deus como Senhor, domina correctamente a paixão e demais vícios.» ( Santo Agostinho, em  A Cidade de Deus)

 Para termos uma fé real é necessário que ela seja produtiva.

 ***

«Palavras sem obras são tiro sem bala: atroam, mas não ferem.»
«Para falar ao vento, bastam palavras; para falar ao coração, são necessárias obras.»
«O melhor retrato de cada um é aquilo que escreve. O corpo retrata-se com pincel, a alma com a pena.»
«(...) importa pouco que as nossas palavras sejam divinas, se forem desacompanhadas de obras. A razão disto é que as palavras ouvem-se, as obras vêem-se; as palavras entram pelos ouvidos, as obras entram pelos olhos, e a nossa alma rende-se muito mais pelos olhos que pelos ouvidos. No Céu ninguém há que não ame a Deus, nem que possa deixar de o amar. Na terra há tão poucos que o amam, todos o ofendem. Deus não é o mesmo, e tão digno de ser amado no Céu e na terra? Pois como como no Céu obriga e necessita a todos o amarem, e na terra não? A razão é porque Deus no Céu é Deus visto; Deus na terra é Deus ouvido. No Céu entra o conhecimento de Deus à alma pelos olhos: Videbimus eum sicut est; na terra entra-lhe o conhecimento de Deus pelos ouvidos: Fides ex auditu; e o que entra pelos ouvidos crê-se, e o que entra pelos olhos necessita-se.»

«Sabem, Padres pregadores, por que fazem pouco abalo os nossos sermões? - Porque não pregamos aos olhos, pregamos só aos ouvidos. Por que convertia o Baptista tantos pecadores? - Porque assim como as suas palavras pregavam aos ouvidos, o seu exemplo pregava aos olhos.»
«A pregação que frutifica, a pregação que aproveita, não é aquela que dá gosto ao ouvinte, é aquela que lhe dá pena.
Quando o ouvinte a cada palavra do pregador treme; quando cada palavra do pregador é um torcedor para o coração do ouvinte, quando o ouvinte vai do sermão para casa confuso, e atónito, sem saber parte de si, então é a pregação qual convém, então se pode esperar que faça fruto.»
                                    ( Padre António Vieira, eminente e piedoso pregador português)

***

Vivamos no mundo como estrangeiros e peregrinos:
Estrangeiros, da Pátria distante onde reina a Glória, e que será o prémio do que vive aqui pela Graça;
Peregrinos, com devoção diária, vivendo o supremo conselho: 
                                                Caminha na Minha presença e sê perfeito.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

LIBERTAR-SE DE HÁBITOS QUE CRIAM DEPENDÊNCIA

As pessoas são dependentes de maus hábitos que têm a função frustrante de preencher um vazio interior mais ou menos insuportável. Este vazio não pode ser extinto através da satisfação de maus desejos, mas solucionado pela realização gradual, progressiva e global do homem, o que o levará do plano humano ao divino e definitivo.
Não se pode querer ficar com maus desejos que nos fazem perder paz e liberdade íntima e nos inibem de sermos criativos do que é bom, necessário, decente e salutar, e, ao mesmo tempo, desejar ser perfeito, visto que a perfeição é constitutiva de desejos puros e eternos enraizados no mais íntimo de nossos corações. As aspirações da alma e os intentos do ego são dois mundos intocáveis, e, por conseguinte, que não se podem misturar. Primeiro é preciso sofrer voluntariamente o abandono do velho e sem valia para dar espaço à revelação do novo. E isso não é possível sem enfrentar o vazio  previamente, custe o que custar. A própria dor que o permeia é a largada do que é desprezível e prejudicial.  Permaneça com o vazio que tem algo de maravilhoso a revelar-lhe.

                                                       Sofra com dignidade

Não se ponha com semblante de sofrido tentando atrair a comiseração dos outros. Assuma silenciosamente a estatura de herói verdadeiro. Muitas vezes o verdadeiro artista tem de permanecer só, e isso não significa desgraça. Significa sim, nobreza digna de admiração. 
De cada vez que avançamos para novos patamares espirituais ficamos livres das dores desprezíveis dos patamares anteriores e inferiores, que não nos agarrarão jamais, a não ser que sejamos invigilantes.
Lembrem-se de que liberdade pessoal é "sinónimo" de responsabilidade pessoal.

                            



     

segunda-feira, 12 de maio de 2014

A EXCELÊNCIA DE UMA VIDA SANTA


Nesta vida perfeita não há necessidade de resistir a pessoas fracas que não sabem viver senão à custa alheia. Em estado de renúncia, pureza e simplicidade, você é elevado pela própria Vida acima delas.

«Demonstra o que professas em teu porte e andar. Haja em tua apresentação a simplicidade; em teu movimento, a pureza; em teu gesto a gravidade; em teu passo, a honestidade. Que não demonstres o vergonhoso, o lascivo, o petulante, o insolente, o superficial. O gesto do corpo é o sinal da mente.»
«Supera a agressão com a suavidade, e a malícia com a bondade.»
                                                                                          (Santo Isidoro)

Falar com verdade e viver na verdade.
«Fala palavras de Deus quem imputa não a si mas a Deus a ciência de falar que possui. Quem fala palavras de Deus, tema ensinar além da vontade de Deus ou além da autoridade das santas escrituras, ou além da utilidade dos irmãos; ou então tema calar o que deve ser ensinado.»
«(...) quem piedosamente chora pecados alheios perfeitamente apaga os próprios.»
                                                                                                           (Santo António)

Pureza de nossa vida, interna e externa.
«Quem sabe que tipo de vida resultaria se atingíssemos a pureza?»
«A energia geradora, que se dissipa e nos torna impuros quando somos devassos, revigora-nos e inspira-nos se adoptarmos a continência.
A castidade é o florescer do homem; e aquilo a que se chama Génio, Heroísmo, Santidade e coisas semelhantes são simplesmente os vários frutos que lhe sucedem.
O homem flui imediatamente para Deus quando se abre o canal da pureza.»
                                                                                                 (Henry David Thoreau)

«Pedis e não recebeis, porque pedis mal, com o fim de satisfazerdes as vossas paixões.»
                                                                                                                (S. Tiago, 4:3)
                                   




domingo, 20 de abril de 2014

NÃO SE DEVE ELIMINAR UM VÍCIO TROCANDO-O POR OUTRO

Há pessoas que desejam ardorosamente vencer um vício por já estarem saturadas dele e por constituir uma obsessão doentia.
De repente resolvem deixar de fumar, por exemplo. Fazem-no bruscamente não tocando de imediato em mais nenhum cigarro. Por estranho que pareça, passados alguns dias começam a sentir-se aceleradas, inquietas e nervosas mais que o habitual. A causa disso é que o mau hábito, apesar de mau, dava-lhes uma certa calma aparente não obstante serem, de quando em vez, acicatadas por um sussurro interior de que não estavam a viver a vida de forma natural e livre, mas como escravas. Porém, como veem muitas pessoas a fazerem o mesmo, e sabendo que o vício em questão é mais ou menos aceite socialmente, sentem-se mais à vontade e prosseguem. À medida que o tempo passa, começam a pensar pela própria cabeça e a desejar não fazer como os outros,  mas a solucionar o seu problema, já que foi através da influência dos outros que apanharam o vício.
O que é um hábito negativo repetitivo senão um ponto fraco na pessoa onde o eu-ego se evidencia?!
Qualquer que seja o problema, a melhor forma de o resolver é usar a inteligência tática de não o atacar de frente, porém de forma gradual e progressiva, por passos curtos, reduzindo diariamente o número de cigarros; depois, espaçando o tempo entre o uso deles até à vitória final. Não convém fazer afirmações demasiado fortes como: «Nunca mais fumarei», mas ser paciente, tolerante consigo mesmo, no entanto firme e determinado! Só o facto de conseguir reduzir o número e aumentar o espaço de tempo já lhe dá confiança na vitória.
Paralelamente a esta atitude, e para não saltar de um vício incómodo para outro, um acréscimo de inteligência consiste em se purificar interiormente, física e psiquicamente, por forma a elevar-se a um nível superior. Mudar de um mau hábito para outro é como saltar de um barco sem leme para outro furado e a meter água. 
O melhor caminho é avistar e dirigir-se à maravilhosa praia de seu eu natural e não sujeito a qualquer desvio, fraqueza ou vício. Ele próprio dá sentido à vida e é vida. Seu eu natural não é uma coisa e você outra. Real e definitivamente falando, você é seu Eu Verdadeiro. Sintam isso com todo o coração e toda a certeza. Realizem essa proeza de forma palpável, experimental, passando das palavras prometedoras à vivência real. Este é o caminho maravilhoso de libertação íntima. E mais, ele extravasa-se externamente. A pessoa que tem força e beleza interior projeta toda a luz para o exterior, quer tenha consciência disso ou não. E terá certamente, não de forma egoísta, pessoal, mas sim impessoalmente.
A vida trágica dos seres humanos em geral é que nunca resolvem totalmente os problemas: trocam-nos por outros. Só raros indivíduos o fazem, aqueles que são iluminados pela intuição, mas o acesso está aberto a todos. Porém, nem todos o desejam! O mal não está na ausência de solução, que existe, mas em não a querer com todo o coração e trabalhar por ela.
O que impede as pessoas de serem criativas é viverem prisioneiras de coisas mesquinhas e corriqueiras. Têm medo de dar um passo gigante além de si mesmas. Uma prova evidente da força criativa é a que se verifica numa pessoa que resolve energicamente largar um vício: a energia que a amarrava ao problema é agora a mesma que a dita pessoa procura usar para ser perfeita em tudo, embora contente, porém cansando-se e enervando-se. Foi por isso que dissemos acima que é preciso ter calma, paciência e gradualidade.

                                             Pense na sua cura definitiva, perfeita.

É de vital necessidade amar a Deus e trabalhar para merecer saber e sentir que também se é amado.
«Se amas a Deus, busca também ser amado por ele. Mas ao passo que um homem procura esse amor, sempre velho e sempre novo, outro deseja dois óbolos de prata do tesouro do mundo; procura uma gota d'água quando poderia ter o oceano.» ( Attar), Místico sufi, em A Conferência dos Pássaros. 

sexta-feira, 18 de abril de 2014

A POBREZA QUE CONSTITUI RIQUEZA

«Bem-aventurados vós que sois pobres, porque vosso é o Reino de Deus!» (S. Lucas, 6:20)

Se queremos ser ricos verdadeiramente, façamo-nos pobres primeiramente. A verdadeira pobreza é contentamento, ou seja, ausência de apego não só a bens materiais, mas também a ilusões e preconceitos. A segurança,  aquela que não se teme perder, está naquilo que se é, e não no que se tem. Só assim se pode gozar o que se tem, e não nos faltará o necessário porque pomos nossa fé no essencial.
Enquanto não estivermos sem nada, sem as riquezas que atravancam nossos armários mentais, e que nos fazem opulentos de orgulho, vaidade e arrogância, a simplicidade equivalente à doçura inocente de uma criança não pode emergir;
Enquanto não nos contentarmos com o estritamente necessário, e gastarmos no supérfluo na tentativa de nos sentirmos seguros quanto ao imprevisível e desconhecido, estamos amealhando moedas psicológicas que mais não são que deitar barro à parede confundindo-o com a forte argamassa;
Enquanto pensarmos que medalhas, louvores e honrarias conferem algo de valor ao eu eterno, estamos a confundir fachadas aparentes com a rocha da realidade; 
                                                 «É preciso reprimir o amor
                                                   do louvor humano porque toda a glória
                                                   dos justos está em Deus.»
                                                   (Santo Agostinho), em A Cidade de Deus.

Enquanto supusermos que falar bonito por adoração à própria palavra proferida e endeusamento a si próprio, esquecendo e passando por cima do que deveria ser dito com decência, piedade e temor a Deus, para proveito próprio e do próximo, estamos a transpirar mais falsidade. O falso pensamento tem asas e cria raízes!
Enquanto fizermos caridade aparente como aqueles que supostamente ajudam os pobres arvorando-se como defensores dos desfavorecidos, e que mais não fazem do que lhes baterem a carteira, querendo ficar na fotografia para que possam parecer bons aos olhos do público, esquecendo aquela máxima,  «Que a tua mão esquerda não saiba o que faz a direita», estamos a praticar um mau serviço que nos torna incapazes de receber o Reino de Deus. Precisamos de aprender a ajudar sem machucar, elevando, como já se disse numa das páginas, como se estivéssemos servindo ao próprio Senhor, com amor, devoção e anonimato.
 «Os ricos fazem tudo pelos pobres, menos descer de suas costas.» ( Leão Tolstói ), Místico e escritor russo;
Enquanto pensarmos que a acumulação de conhecimentos  livrescos nos torna sábios aos olhos dos outros e nos dá segurança, embora o conhecimento técnico seja indispensável, estamos a esquecer que a verdadeira cultura é a perceção da sabedoria não humana que nos aproxima do divino. Esta deve preceder e acompanhar aquela como luz e guia. Se não for assim, o avanço tecnológico pode transformar os homens em máquinas conduzindo-os à alienação de si mesmos e de Deus, por não se governarem pela ética.

                                                    «Vem criador Espírito de Deus,
                                                     Visita o coração dos teus fiéis
                                                      E com a graça do Alto os purifica.

                                                      Paráclito do Pai, Consolador.
                                                      Sê para nós a fonte de água viva,
                                                      O fogo do amor e a unção celeste.

                                                      Nos sete dons que descem sobre o mundo
                                                      Nas línguas que proclamam o Evangelho,
                                                      Realiza a promessa de Deus Pai.

                                                      Ilumina, Senhor, a nossa mente,
                                                      Acende em nós a caridade,
                                                      Infunde em nosso peito a fortaleza.»